quarta-feira, 6 de maio de 2009

“Sempre fui o engraçadinho da turma” - Sucesso no stand-up e no programa CQC, Oscar Filho revela os segredos da carreira de humor

Foto: Fernanda Ribeiro
Leonardo Souza

Dono de extrema “cara de pau” e facilidade invejável para transformar o cotidiano em piada, o ator Oscar Francisco de Moraes Junior, ou apenas Oscar Filho, contrariou a vontade do pai e deixou para trás o ritmo pacato da cidade natal de Atibaia-SP para seguir atrás dos seus sonhos. Apesar das dificuldades o tiro foi certeiro. Hoje o jovem comediante do interior faz parte de um dos programas de maior sucesso da TV brasileira, além de ser um dos nomes fortes da nova safra de humoristas do Brasil.

Considerado uma das revelações do ‘Stand-up Comedy’, espetáculo de humor realizado apenas por um comediante, e repórter do CQC, Custe O Que Custar, Oscar revela que sempre foi o “engraçadinho” da turma, mas foge do rótulo de jornalista. “Não considero jornalismo o que faço. Sou apenas um ator no papel de repórter”.

O ator, formado pelo Indac, Instituto de Artes e Ciências de São Paulo, foi um dos fundadores do ‘Cube da Comédia’, grupo de ‘Stand-up’ que conta com a participação de um dos seus companheiros de ‘CQC’, Rafinha Bastos. Oscar ainda participou de diversos shows de humor pelo país, como os sucessos ‘Terça Insana’ e ‘Nunca se Sábado’.

Em sua passagem por Lorena, no dia 17 de abril, para apresentação do espetáculo de humor, o repórter falou sobre as dificuldades do inicio da carreira e do estilo de comédia feito por ele no programa de TV e nos palcos por todo o país.

SubLide: Depois de ficar conhecido nos palcos de teatro pelo Brasil com shows de comédia, como você foi parar na TV?
Oscar Filho: Eu nasci em Atibaia-SP e, contrariando a vontade do meu pai, resolvi ir pra São Paulo pra seguir a carreira de ator. Na capital comecei a participar de peças engraçadas e, naturalmente, vi que tinha dom para fazer humor. Sempre fui o engraçadinho da turma. Por causa do ‘Stand-up’ um vídeo meu foi parar na internet e o produtor do CQC da Argentina viu, gostou e me convidou pra fazer parte do programa. É uma coisa que eu nunca esperava.

SubLide: Vocês ganharam em março o Troféu Imprensa na categoria melhor programa humorístico, vencendo o “Pânico Na TV”, dono dos troféus de 2004, 2005 e 2007. Afinal, o ‘CQC’ é um programa humorístico ou jornalístico?
Oscar Filho: Posso ser considerado um repórter porque pergunto, mas não considero jornalismo o que faço. As perguntas são feitas por jornalistas e chegam pra mim já editadas, apenas faço a piada em cima delas. O trabalho que faço no ‘CQC’ é de um ator que representa um repórter. Nunca vou falar que sou jornalista, mas acredito na mistura. Hoje o jornalismo com o humor é parte de um processo de edição, onde unimos duas coisas essenciais para gerar a informação. A tendência de se misturar as coisas é valida e eu gosto muito. O brasileiro tem uma capacidade de se transformar em humorista o tempo todo e mesmo assim ficamos muito tempo com o mesmo tipo de humor. Precisamos de outras formas de fazer o público rir, novos programas, novas linguagens na televisão.

SubLide: Mesmo sendo um estilo importado da Argentina, o CQC inovou o estilo de entrevistas do jornalismo brasileiro. Do começo, em março de 2008, para cá, você percebeu uma mudança no comportamento das pessoas entrevistadas por vocês?
Oscar Filho: Quando começamos, esse estilo de entrevista já era praticado e conhecido pelo Pânico. No começo ninguém sabia quem eles eram, mas com o tempo conquistaram o espaço e abriram as portas, tanto que quando chegamos as pessoas já estavam mais preparadas. A parte negativa foi que elas não sabiam que tipo de pergunta íamos fazer e nos relacionavam diretamente ao ‘Pânico’. Conforme o tempo foi passando as pessoas aprenderam a saber o que é o ‘CQC’ e conheceram nosso estilo. Os entrevistados aprenderam a nos olhar de forma distinta e viram que o nosso objetivo, a princípio, não é humilhar ninguém. Confesso que quando entrevisto um político e ele fez alguma coisa, tento pegar no ponto fraco. Mas não vou chegar provocando ninguém de graça.

SubLide: Qual o limite do humor no jornalismo? Existe algum cuidado para que a piada não passe dos limites?
Oscar Filho: Nunca nos foi dado um limite, censura ou maneira para fazer as matérias. Aliás, a minha principal preocupação foi essa, pois fui o último a entrar no programa e os outros já haviam feito testes e treinamentos, portanto sabiam como ia funcionar. Nunca tive ninguém para me falar como fazer, mas para não passar dos limites sempre usei o bom senso. E acredito que a equipe toda já demonstrou ser consciente. Se um dia passarmos dos limites o público não ficará com a gente.

SubLide: Com relação ao seu show de humor, qual o segredo do processo de criação e seleção das piadas? Você se inspira em alguém?
Oscar Filho: Esse processo é muito interessante. No começo até era uma coisa neurótica, pois tudo que eu olhava achava que era passível de se fazer piada. Hoje já estou mais tranquilo, aprendi a selecionar mais os temas. Tento ver nas entrelinhas das coisas ou nas simples situações do cotidiano o que faria uma pessoa rir. Assim como faz o comediante americano Bill Cosby, um dos atores que mais admiro nesse meio. Ele tem 70 anos, faz dois shows por noite, com duas horas e meia de duração cada, e as pessoas riem o tempo todo. Ele fala de coisas normais, mas que com sua experiência ficam incríveis. Bill Cosby é um dos caras em que me espelho.

No próximo post você confere a sonora com a a entrevista completa do ator e humorista Oscar Filho durante sua passagem por Lorena-SP.

Um comentário:

  1. Parabéns pela entrevista, Léo. Como sempre, está mto boa. Sucesso na sua carreira, você vai longe amigo =)

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