terça-feira, 9 de março de 2010

Plantas que ainda curam

Pesquisas mostram que tradição dos remédios caseiros continua viva


Quem nunca tomou um chá preparado com a hortelã fresquinha da horta da avó? Ou experimentou e “torceu o nariz” para o amargo gosto do chá natural de boldo? A tradição de utilizar plantas medicinais como remédio ultrapassa gerações e continua viva, mesmo com o alto desenvolvimento da indústria farmacêutica. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, cerca de 90% da população no Brasil já utilizou remédios feitos de plantas medicinais.

De acordo com a farmacêutica Sandra Teixeira, grande parte dos remédios comercializados no mercado é encontrada na natureza em sua forma natural. “Não é do conhecimento público, mas quando uma pessoa toma um comprimido de AAS (Acido Acetil Salicílico), está ingerindo um princípio básico encontrado na casca da árvore do Salgueiro”.

No Brasil, dono de uma rica biodiversidade, estima-se que o uso das plantas medicinais tenha começado com os primeiros habitantes indígenas, há 12 mil anos. Além do uso caseiro, as plantas são utilizadas atualmente pela medicina para a fabricação dos remédios fitoterápicos.

Para a aposentada Tereza Pereira da Rocha, sempre quando sente alguma dor, a primeira opção é recorrer às plantas medicinais mantidas em uma horta no quintal de casa. “Tenho mais de dez espécies de plantas aqui na minha casa. Uso muito o chá de alecrim, para dor de cabeça e a carqueja, para as dores de estômago. E não pode faltar hortelã também que além de acalmar é muito gostoso”.

Já quem prefere comprar à manter uma plantação em casa, existem as lojas especializadas. Em Lorena-SP, a casa de plantas medicinais da professora aposentada Vera Lucia Ferreira, disponibiliza mais de 150 tipos de ervas com efeitos terapêuticos. “Tenho plantas pra todo tipo de doença. Hoje em dia as pessoas procuram muito a cana do brejo, que é um anti-inflamatório, a catuaba, para falta de memória e a erva de são joão, que combate a depressão”.

Mesmo sendo uma tradição aparentemente inofensiva, o uso de plantas para medicação deve ser feito com cautela. “Ingeridas da forma incorreta e em excesso estas plantas podem ser prejudiciais. As pessoas que tem algum tipo de doença, como hipertensão e diabetes, por exemplo, e que utilizam chás diariamente devem comunicar a seus médicos, pois em casos de reação adversa, os especialistas saberão o que fazer”, declara a farmacêutica, que ainda alerta para o conhecimento necessário para utilização das plantas. “Existem plantas diferentes com o mesmo nome, e uma mesma planta com diversos nomes populares, de acordo com as regiões”.

Para evitar problemas com o uso incorreto destes produtos, o Ministério da Saúde aprovou em 2008, o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que deve ser implantado em todas as cidades brasileiras nos próximos 10 anos. Com a regulamentação a intenção é disseminar o uso da terapia. Atualmente dois remédios, feitos à base de guaco (para tosse) e espinheira-santa (para úlcera e gastrite), estão disponíveis na rede publica de saúde, em cerca de 400 municípios.

Segundo os organizadores do programa os medicamentos fitoterápicos utilizados pelo SUS são aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, por isso, são considerados seguros e prometem fazer o mesmo efeito que um medicamento sintético.

Dicas para aproveitar melhor a planta

- Ao fazer um chá, nunca ferva as folhas. Jogue água fervida sobre elas e deixe em infusão por até 5 minutos. Depois, coe.

- Talos de plantas, em geral, também podem ser fervidos.

- Prefira adoçar o chá com mel, que é mais saudável e tem propriedades anti-inflamatórias.

- Só colha ervas em dias de sol. Isso diminui o surgimento de fungos.

- Deixe as folhas secarem à sombra e guarde dentro de embalagens de vidro bem fechadas.

- Não guarde chás prontos em recipientes de plástico. Prefira os de vidro, que conservam melhor e não liberam polímeros na água

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Pesquisas apontam que jovens brasileiros fumam cada vez menos

“Em 20 anos, número de fumantes entre 18 e 24 anos cai mais de 50%”


Por Leonardo Souza


Símbolo de status e figura marcante na história dos jovens brasileiros, o cigarro parece ter o reinado ameaçado com a queda de sua popularidade nas ultimas décadas. Estudos apontam que o consumo de tabaco entre os jovens caiu mais de 50% nos últimos anos. Segundo pesquisa do Ministério da Saúde, em 2008, 14,8% dos jovens entre 18 e 24 anos tinham o hábito de fumar, contra 29% em 1989.

Segundo o psicólogo, Mauricio Lima, a queda no número de jovens fumantes se deve à quantidade de informações referentes aos malefícios do cigarro e a maior consciência dos adolescentes. “Antigamente o cigarro era sinal de glamour e independência e isso era retratado no cinema, na TV e nas propagandas. Hoje em dia as pessoas têm conhecimentos científicos e casos diários de mortes causadas pelo cigarro que demonstram como o uso faz mal”.

Entretanto, se o número de jovens fumantes brasileiros diminui, a idade com que experimentam o cigarro também é cada vez menor. Segundo a médica pneumologista, Simone Verdaccio, a idade com que o jovem começa a fumar caiu dos 15 para 13 anos. “Por sua vulnerabilidade peculiar, os adolescentes estão mais propícios ao vício. A indústria do tabaco sabe disso. O jovem não pensa no amanhã. Ele acha que tem total domínio e controle, mas de seis meses a dois anos de uso, perde a autonomia”.

O ato de fumar cigarros era fato raro até o final do século 19. A planta, cientificamente chamada de Nicotiana Tabacum, era encontrada como fumo para cachimbo, rapé, tabaco para mascar e charuto, até então ser comercializada sob a forma de cigarro. O uso se disseminou entre os soldados durante a Primeira Guerra Mundial e se espalhou pelo mundo, chegando à marca de 200 bilhões de unidades consumidas em 1930, somente nos Estados Unidos.

Para o estudante de Jornalismo, Oswaldo Corneti, de 27 anos, o jovem começa a entrar no vício por conta da necessidade de se afirmar em grupo e pela influencia dos familiares. “Meu pai fuma e, na minha família, alguns tios e primos também fumavam. Isso influencia. Afinal, quando você é pequeno, vive formando suas opiniões e gostos através das pessoas que admira”.

Fumante desde os 14 anos, Oswaldo confessa que já tentou deixar o vício por duas vezes, mas não conseguiu ficar sem o cigarro por muito tempo. “Quando estou eufórico ou tenso, chego a fumar um maço por dia. Não tem hora específica para o cigarro. Pode ser após as refeições, após tomar café ou quando estou tomando alguma bebida alcoólica”, revela.

Mesmo com a diminuição no número de fumantes, o cigarro ainda é considerado o grande problema de saúde publica, chegando a matar cerca de cinco milhões de pessoas por ano em todo o mundo. O vício aumenta o risco de mortalidade por doenças coronarianas, hipertensão arterial, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e câncer. Dentre as neoplasias relacionadas ao uso do tabaco, estão os cânceres de pulmão, laringe, cavidade oral, faringe, estômago, fígado, esôfago, pâncreas, bexiga e colo de útero.

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estudo aponta que blogs podem medir felicidade das pessoas



Por Dr. Ricardo Teixeira *


Em fins do século XIX, o economista irlandês Francis Edgeworth imaginou uma máquina que poderia ser capaz de medir o grau de felicidade de um indivíduo, à qual ele deu o nome de hedonímetro. De fato, cientistas sociais têm quebrado a cabeça há muito tempo para criar métodos capazes de medir a felicidade, e uma das maiores limitações para desenvolver a ferramenta ideal é que as informações são menos fidedignas quando o indivíduo sabe que está sendo testado.

Um cientista da computação e um matemático da Universidade de Vermont nos EUA criaram um tipo de hedonímetro capaz de avaliar o grau de felicidade em gigantescas amostragens da população, sem o conhecimento de quem está sendo testado, e seus resultados acabam de ser publicados no periódico Journal of Happiness Studies.

Os pesquisadores analisaram um banco de dados de emoções humanas conhecido por We Feel Fine ("nós nos sentimos bem" - www.wefeelfine.org ) que desde o ano de 2005 concentra diariamente 15 a 20 mil novas expressões do sentimento humano provenientes de blogs, incluindo frases escritas na primeira pessoa que contenham a palavra feel (sinto). Foram ainda analisadas 232 mil letras de músicas de mais de 20 mil artistas entre os anos de 1960 e 2007 através do portal http://www.hotlyrics.net/.

Cerca de dez milhões de sentenças receberam uma nota para seu teor de felicidade, dentro de uma escala de 1 a 9 através de metodologia previamente desenvolvida (Estudo ANEW). Nessa escala, por exemplo, a palavra triunfante tem pontuação de 8.87, enquanto a palavra rua tem 5.22 e suicídio 1.25.

Entre inúmeros achados, os pesquisadores demonstraram uma redução do grau de felicidade nas letras de músicas ao longo das últimas décadas. Por outro lado, o grau de felicidade nos blogs teve um crescimento sustentado desde o inicio da análise em 2005 até 2009. Foi possível também identificar algumas datas em que o nível de felicidade foi fortemente diferente dos dias que as antecederam ou que as sucederam.

Observou-se um pico de maior felicidade nos dias de natal, dia dos namorados, última eleição americana e um pico de queda nos dias próximos à morte do astro Michael Jackson e nos dias próximos ao 11 de setembro. O nível de felicidade não foi diferente entre mulheres e homens, apesar das mulheres apresentarem maior variabilidade. Além disso, o grau de felicidade foi maior em países mais próximos ao equador.

É evidente a importância de se medir a intensidade e a natureza dos estados emocionais em nível populacional e a ferramenta desenvolvida no presente estudo mostra-se muito promissora para o melhor entendimento de fenômenos sociais e econômicos, além de poder apoiar a construção de políticas públicas. Danforth, um dos autores do estudo, revela: " As crianças de hoje herdam um mundo eletrônico que ainda não conhecemos bem, e é fundamental o desenvolvimento de novas ferramentas para entender esse mundo".

Dr. Ricardo Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp. Atualmente, dirige o Instituto do Cérebro de Brasília (ICB) e dedica-se ao jornalismo científico em saúde. É também titular do Blog "ConsCiência no Dia-a-Dia" - www.consciencianodiaadia.com.

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terça-feira, 30 de junho de 2009

Artes Marciais se tornam opção de lazer nas escolas de Lorena-SP


No país onde o futebol é o esporte preferido pela maioria das crianças e jovens, os alunos da rede municipal de ensino de Lorena, no interior de São Paulo, descobriram nas artes marciais mais uma opção de lazer e exercício físico. Desde 2007, as escolas oferecem treinos de caratê, judô e capoeira e os responsáveis pelo projeto comemoram os bons resultados apresentados pelos alunos dentro e fora das salas de aula.

Com apenas sete anos e disposição de sobra, Vinicius de Siqueira, é aluno assíduo das aulas de capoeira do professor Alex Silva, na Escola Municipal Santa Edwiges. Para o pequeno capoeirista, que estuda no período da tarde, nem o fato de ter que acordar de manha às terças-feiras para ir às aulas o desanima. “Já aprendi gingar e rodar peão com as mãos e a cabeça. Gosto muito da capoeira e dos amigos que fiz aqui”.

E a dedicação de Vinicius é motivo de orgulho para a mãe, Marcela Zanin. Segundo a moradora do bairro Parque das Rodovias, o esporte ajudou o filho a desenvolver o corpo e a mente. “Depois que começou a fazer capoeira na escola, ele ficou mais ativo e esperto. Já estava preocupada, pois ele passava o tempo inteiro em frente à televisão e o computador”, revelou.

Estudos mostram que as artes marciais são atividades apropriadas para pessoas que se encontram em fase escolar, pois auxiliam no desenvolvimento das capacidades psicomotoras, afetivas e cognitivas dos praticantes e com isso, permitem uma maior assimilação das disciplinas ministradas nas escolas.

De acordo com o secretário adjunto de esportes da Secretaria de Educação, Augustinho Boaventura, além do incentivo ao esporte, o projeto busca promover atividades extra-escolares com conteúdo. “O objetivo maior é despertar interesse nos alunos pela prática do esporte, além de ocupar o tempo dos estudantes com atividades produtivas”.

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quarta-feira, 6 de maio de 2009

“Sempre fui o engraçadinho da turma” - Sucesso no stand-up e no programa CQC, Oscar Filho revela os segredos da carreira de humor

Foto: Fernanda Ribeiro
Leonardo Souza

Dono de extrema “cara de pau” e facilidade invejável para transformar o cotidiano em piada, o ator Oscar Francisco de Moraes Junior, ou apenas Oscar Filho, contrariou a vontade do pai e deixou para trás o ritmo pacato da cidade natal de Atibaia-SP para seguir atrás dos seus sonhos. Apesar das dificuldades o tiro foi certeiro. Hoje o jovem comediante do interior faz parte de um dos programas de maior sucesso da TV brasileira, além de ser um dos nomes fortes da nova safra de humoristas do Brasil.

Considerado uma das revelações do ‘Stand-up Comedy’, espetáculo de humor realizado apenas por um comediante, e repórter do CQC, Custe O Que Custar, Oscar revela que sempre foi o “engraçadinho” da turma, mas foge do rótulo de jornalista. “Não considero jornalismo o que faço. Sou apenas um ator no papel de repórter”.

O ator, formado pelo Indac, Instituto de Artes e Ciências de São Paulo, foi um dos fundadores do ‘Cube da Comédia’, grupo de ‘Stand-up’ que conta com a participação de um dos seus companheiros de ‘CQC’, Rafinha Bastos. Oscar ainda participou de diversos shows de humor pelo país, como os sucessos ‘Terça Insana’ e ‘Nunca se Sábado’.

Em sua passagem por Lorena, no dia 17 de abril, para apresentação do espetáculo de humor, o repórter falou sobre as dificuldades do inicio da carreira e do estilo de comédia feito por ele no programa de TV e nos palcos por todo o país.

SubLide: Depois de ficar conhecido nos palcos de teatro pelo Brasil com shows de comédia, como você foi parar na TV?
Oscar Filho: Eu nasci em Atibaia-SP e, contrariando a vontade do meu pai, resolvi ir pra São Paulo pra seguir a carreira de ator. Na capital comecei a participar de peças engraçadas e, naturalmente, vi que tinha dom para fazer humor. Sempre fui o engraçadinho da turma. Por causa do ‘Stand-up’ um vídeo meu foi parar na internet e o produtor do CQC da Argentina viu, gostou e me convidou pra fazer parte do programa. É uma coisa que eu nunca esperava.

SubLide: Vocês ganharam em março o Troféu Imprensa na categoria melhor programa humorístico, vencendo o “Pânico Na TV”, dono dos troféus de 2004, 2005 e 2007. Afinal, o ‘CQC’ é um programa humorístico ou jornalístico?
Oscar Filho: Posso ser considerado um repórter porque pergunto, mas não considero jornalismo o que faço. As perguntas são feitas por jornalistas e chegam pra mim já editadas, apenas faço a piada em cima delas. O trabalho que faço no ‘CQC’ é de um ator que representa um repórter. Nunca vou falar que sou jornalista, mas acredito na mistura. Hoje o jornalismo com o humor é parte de um processo de edição, onde unimos duas coisas essenciais para gerar a informação. A tendência de se misturar as coisas é valida e eu gosto muito. O brasileiro tem uma capacidade de se transformar em humorista o tempo todo e mesmo assim ficamos muito tempo com o mesmo tipo de humor. Precisamos de outras formas de fazer o público rir, novos programas, novas linguagens na televisão.

SubLide: Mesmo sendo um estilo importado da Argentina, o CQC inovou o estilo de entrevistas do jornalismo brasileiro. Do começo, em março de 2008, para cá, você percebeu uma mudança no comportamento das pessoas entrevistadas por vocês?
Oscar Filho: Quando começamos, esse estilo de entrevista já era praticado e conhecido pelo Pânico. No começo ninguém sabia quem eles eram, mas com o tempo conquistaram o espaço e abriram as portas, tanto que quando chegamos as pessoas já estavam mais preparadas. A parte negativa foi que elas não sabiam que tipo de pergunta íamos fazer e nos relacionavam diretamente ao ‘Pânico’. Conforme o tempo foi passando as pessoas aprenderam a saber o que é o ‘CQC’ e conheceram nosso estilo. Os entrevistados aprenderam a nos olhar de forma distinta e viram que o nosso objetivo, a princípio, não é humilhar ninguém. Confesso que quando entrevisto um político e ele fez alguma coisa, tento pegar no ponto fraco. Mas não vou chegar provocando ninguém de graça.

SubLide: Qual o limite do humor no jornalismo? Existe algum cuidado para que a piada não passe dos limites?
Oscar Filho: Nunca nos foi dado um limite, censura ou maneira para fazer as matérias. Aliás, a minha principal preocupação foi essa, pois fui o último a entrar no programa e os outros já haviam feito testes e treinamentos, portanto sabiam como ia funcionar. Nunca tive ninguém para me falar como fazer, mas para não passar dos limites sempre usei o bom senso. E acredito que a equipe toda já demonstrou ser consciente. Se um dia passarmos dos limites o público não ficará com a gente.

SubLide: Com relação ao seu show de humor, qual o segredo do processo de criação e seleção das piadas? Você se inspira em alguém?
Oscar Filho: Esse processo é muito interessante. No começo até era uma coisa neurótica, pois tudo que eu olhava achava que era passível de se fazer piada. Hoje já estou mais tranquilo, aprendi a selecionar mais os temas. Tento ver nas entrelinhas das coisas ou nas simples situações do cotidiano o que faria uma pessoa rir. Assim como faz o comediante americano Bill Cosby, um dos atores que mais admiro nesse meio. Ele tem 70 anos, faz dois shows por noite, com duas horas e meia de duração cada, e as pessoas riem o tempo todo. Ele fala de coisas normais, mas que com sua experiência ficam incríveis. Bill Cosby é um dos caras em que me espelho.

No próximo post você confere a sonora com a a entrevista completa do ator e humorista Oscar Filho durante sua passagem por Lorena-SP.

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